Opinião

Pacto entre os poderes inclui reeleição de Bolsonaro, Maia e Alcolumbre

(Carlos Newton) – Há várias iniciativas antidemocráticos em marcha no país. A mais grave é a campanha pela intervenção militar, porque tem o inequívoco apoio do presidente da República, com respaldo de expressivo número de parlamentares, pois alguns até ajudam a patrocinar as manifestações. Mas o Alto-Comando do Exército já desestimulou esse movimento, agora é tarde, Inês é outra, como diria o príncipe português Pedro.

Foi colocada uma pedra sobre o golpe militar, mas há outras iniciativas em custo. A mais grave é o pacto entre os poderes, articulado no primeiro semestre de 2019 por Dias Toffoli, com entusiástico apoio do presidente Bolsonaro e dos dirigentes da Câmara e do Senado, Rodrigo Maia e Davi Alcolmbre.

VAIVÉM DO PACTO – No segundo semestre de 2019, o pacto começou a funcionar espetacularmente, com a flexibilização do pacote anticrime de Moro e a aprovação da sinistra Lei do Abuso da Autoridade pelo Congresso Nacional, que tiveram apoio e sanção do presidente da República.

O Supremo também brilhou intensamente, ao enviar para a Justiça Eleitoral todos os processos de corrupção política que envolviam caixa dois, salvando grande número de parlamentares e governantes. No final do ano, o grand finale, com a proibição de prisão após segunda instância, libertando Lula da Silva, José Dirceu, Eduardo Cunha e muitos outros.

No primeiro semestre de 2020, porém, o pacto começou a fazer água, com Bolsonaro chutando o balde e sua trupe criticando durante Congresso e Supremo, sem motivo algum, no auge da campanha pelo golpe militar.

BOLSONARO RECUOU – Quando se pensava que o rompimento do pacto era definitivo, Bolsonaro foi aconselhado pelo Alto Comando do Exército a recuar e ficar na sua. Imediatamente ele fez as boas com Dias Toffoli, Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre, revivendo com toda força o antidemocrático acordo entre os apodrecidos poderes, que deve estar fazendo o barão de Montesquieu se revirar no túmulo.

E hoje o pacto, tem como principais metas: 1) inviabilizar a Lava Jato; 2) desmoralizar o ex-juiz Sérgio Moro; 3) tirar do Ministério Público o direito de fechar acordo de leniência com empresas corruptas; 4) reeleger Maia e Alcolumbre na Câmara e Senado: 5) evitar que Bolsonaro seja processado no inquérito sobre demissão de Moro; 6) proteger também Flávio Bolsonaro, Fabricio Queiroz e outros membros da trupe, sem falar nas digníssimas mulheres de Dias Toffoli e Gilmar Mendes.

P.S. – Há quem diga que também está na pauta a candidatura de Lula em 2022, através da anulação de sua condenação, por suspeição do então juiz Sérgio Moro, mas isso é “menas verdade”, como dizia o criador do PT, antes das aulas de reforço na língua pátria.  O pacto existe para favorecer Bolsonaro, e não Lula. E assim la nave va, cada vez mais fellinianamente(C.N.)