Todos sabiam que Jair Bolsonaro é um político tosco e limitado, mas o tempo passou, muita coisa ficou escondida lá atrás e poucos ainda lembravam que ele tinha sido um mau militar, na definição do ex-presidente Ernesto Geisel. Mas neste domingo as memórias dos militares foram refrescadas pela atitude do presidente da República na manifestação contra a democracia.
O pior foi saber que o ato público ditatorial havia sido convocado e organizado pelo “gabinete do ódio”, liderado pelos próprios filhos de Bolsonaro, e os chefes militares custaram a acreditar.
FALTA DE RESPEITO – Realmente, chega a ser inacreditável que um presidente da República tenha a ousadia de manchar a imagem das Forças Armadas, em plena comemoração do Dia do Exército. Ao invés de vestir um terno e participar da festividade para a qual fora convidado, ele lá compareceu inadequadamente trajado, como se fosse a um botequim, e se integrou à manifestação contra a democracia que os militares têm obrigação constitucional de defender.
Para quem viveu os dias de 1964 e acompanhou o que significa um regime ditatorial, foi surpreendente e inqualificável a audácia do presidente da República, que fez questão de discursar abonando os ataques às instituições democráticas desferidos pelos sectários manifestantes, convocados para o degradante ato público pelos próprios filhos de Bolsonaro.
INGENUIDADE TOTAL – O mais impressionante é a imaturidade do presidente da República, que se julga capaz de afrontar os chefes militares diante do Forte Apache, o quartel-general do Exército, perante todo o Alto Comando do Exército e os comandantes e oficiais-superiores da Marinha e da Aeronáutica.
Ficou demonstrado não somente o completo despreparo do presidente para conduzir a nação, como também o seu desequilíbrio emocional, que já está claro ser um caso patológico. Aliás, não é a primeira vez que um presidente brasileiro demonstra problemas mentais. Isso aconteceu com Delfim Moreira, que teve de ser afastado do poder.
No caso de Bolsonaro é mais difícil ele sair, porque não acredita em doença, nem mesmo em pandemia, certamente por desconhecer que outro presidente, Rodrigues Alves, morreu na gripe espanhola. Mas isso já é outra história.
Carlos Newton