Carlos Newton
É uma dura lição ao presidente Jair Bolsonaro, ao chanceler Ernesto Araújo e ao ministro Paulo Guedes, que acreditavam ter descoberto a pólvora ao se afastar da China e ajoelhar a filial Brazil aos pés da matriz USA. O presidente Donald Trump está mostrando que pouco liga para os interesses do Brasil. Pelo contrário, só se preocupa em defender os produtores norte-americanos, desenvolvendo uma política nacionalista e producente, como é de sua obrigação.
Neste sábado, Trump colocou as cartas na mesa, ao escrever no Twitter que acaba de chegar à China “o maior acordo da história para os agricultores dos EUA”, o que significa um duro golpe no Brasil, que depende desesperadamente das exportações para equilibrar a economia e a China é nosso maior parceiro comercial.
O MELHOR ACORDO – Pelo Twitter, o presidente dos EUA fez questão de comunicar, neste sábado, a importância das negociações concretizadas com Pequim.
“O acordo que acabei de chegar com a China é de longe o melhor e o maior já feito para nossos patrióticos agricultores na história de nosso país”, twittou o inquilino da Casa Branca, ressalvando que “outra questão é se você pode produzir tanto produto [agrícola] ou não”. E também destacou outros aspectos do acordo, que diz incluir tecnologia, serviços financeiros e a venda de aeronaves da Boeing por um total de US $ 16 bilhões a US $ 20 bilhões.
Sexta-feira, o presidente já anunciara que as negociações comerciais com a China tinham dado os primeiros resultados positivos e alcançaram um acordo parcial numa primeira fase muito substancial. “Na primeira etapa dessas discussões, as partes resolveram diferenças relacionadas à propriedade intelectual e serviços financeiros, e foi acordada a aquisição pela China de produtos agrícolas no valor entre US $ 40 bilhões e US $ 50 bilhões”.
Anteriormente, Trump já havia prometido assinar o acordo comercial com a China sem a aprovação do Congresso dos EUA. no caso de ambas as potências mundiais alcançarem um entendimento. “Levamos muito tempo para chegar aqui, mas é algo que será ótimo para a China e para os EUA”, disse Trump em 11 de outubro no Salão Oval, após uma reunião com o vice-primeiro-ministro chinês Liu He.
PARAR DE SONHAR – Diante dessa situação, o governador brasileiro, deveria parar de sonhar com ingresso na OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento), porque é prejudicial ao país, que terá de abrir mão dos favorecimentos concedidos a países em desenvolvimento. E o país deveria também adotar uma nova política externa, por óbvio.
O sogro do chanceler Ernesto Araújo é o embaixador Seixas Corrêa, um dos mais experientes diplomatas brasileiros. Nem ele acredita na política externa de seu genro. Nesta semana, em O Globo, Ancelmo Gois lembrou que, entrevistado por Janaina Figueiredo, Seixas Corrêa dissera à “Época” que a aproximação aos EUA era “ingênua”:
“Os americanos só nos deram atenção especial quando estávamos diante do risco do que era visto como um golpe de esquerda na década de 60. Fora isso, eles têm uma certa benevolência, mas nunca nos deram nada. Nunca, jamais… Nem nunca darão. Eles só dão quando têm seus interesses econômicos, políticos ou de segurança afetados” – disse o senhor embaixador.
Em tradução simultânea, Deus salve a América, mas não esqueça o Brasil, já que Jair Bolsonaro, Ernesto Araújo e Paulo Guedes são três otários chapados. E não é preciso dizer mais nada.