Opinião

Genro de Silvio Santos que é ministro tenta normalizar as relações entre Bolsonaro e TV Globo

(Carlos Newton) – Não é de hoje que o presidente Jair Bolsonaro está rompido com a Rede Globo e tem advertido aos concessionários de rádio e televisão que ninguém obterá a renovação das outorgas caso suas atividades não estiverem claramente regulares.

Como se sabe, a renovação das concessões das emissoras da Globo (Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Recife e Brasília) deverá ser apreciada em 2022 pelos órgãos técnicos do Ministério das Comunicações, que hoje tem como titular o deputado federal Fábio Faria (PSD-RN).

GENRO DE SILVIO SANTOS – O atual ministro é mais conhecido por ser genro de Silvio Santos, dono do SBT e de uma série de empresas de diversos ramos, além de ex- controlador do Banco PanAmericano, que em 2009 (governo Lula) escapou da falência com dívidas de R$ 5 bilhões, ao ser socorrido pela Caixa Econômica, que comprou 49% das ações ordinárias, assumiu o prejuízo e ainda pagou R$ 739,2 milhões ao simpático Senor Abravanel, verdadeiro nome de Silvio Santos.

A Rede SBT, todos sabem, se manteve até hoje graças à jogatina televisiva implementada 24 horas por dia, com os sorteios do Baú da Felicidade e depois com a TeleSena, ferindo o regulamento da radiodifusão, sem que providência alguma tenha sido tomada nos últimos 30 anos pelas autoridades constituídas. E são irregularidades que agora cabe ao genro de SS fiscalizar e punir.

FAZENDO AS PAZES? – Assim, nesse contexto conflituoso envolvendo o presidente Bolsonaro e os irmãos Marinho, eis que surge uma luz apaziguadora no fim do túnel.

O vice-presidente de relações institucionais da Rede Globo, Paulo Tonet Camargo, lotado em Brasília e com invejável trânsito junto aos poderes da República, sem que se saiba por quais razões, afirmou à revista “Poder” que a relação do Grupo Globo com o governo melhorou desde a posse do ministro, que tem estado à altura da importância dos setores das telecomunicações e da radiodifusão no Brasil”.

Ora, o jovem ministro, que jamais teve experiência profissional no ramo de comunicações, nem bem esquentou a cadeira ministerial e já é considerado melhor do que seus antecessores, ministros Marcos Pontes, Gilberto Kassab, Paulo Bernardo, Hélio Costa, Antonio Carlos Magalhães e tantos outros esquecidos, que também não estavam à altura dessa importante pasta, mas sempre mantiveram laços profundos com a Globo, até mesmo de submissão.

O QUE FARIA FEZ? – Nesse curto espaço de tempo no Ministério, o que Fábio Faria teria realmente feito em assuntos envolvendo telecomunicações e radiodifusão?

Será que o lobista global Tonet Camargo desconhece que o presidente Bolsonaro há um ano encaminhou ao Ministério uma importante representação, que agora está nas mãos do ministro Fábio Faria, contra os controladores do Grupo Globo (Roberto Irineu Marinho, João Roberto Marinho e José Roberto Marinho)?

Essa representação solicita os motivos e fundamentos que nos últimos anos levaram esses empresários a utilizarem de diversas empresas de fachada como se fossem controladoras da Globopar S/A e da Rede Globo, sem prévia autorização da Presidência da República.

SOCIEDADES FANTASMAS – Entre essas empresas de fachada que os irmãos Marinho utilizam, estão citadas a 296 Participações S/A, que teve sua denominação alterada para Cardeiros Participações S/A; a RIM 1947 Participações S/A, depois transformada em Eudaimonia Participações S/A por Roberto Irineu Marinho; a JRM 1953 Participações S/A, em seguida denominada Imagina Participações S/A por João Roberto Marinho; e a ZRM 1955 Participações S/A, que o terceiro irmão José Roberto Marinho transformou em Abaré Participações S/A.

Todas elas, sociedades anônimas de papel, tinham, inicialmente, capital de R$ 1.000,00 cada uma, com os mesmos estatutos e os mesmos acionistas. Foi por meio delas, sem o indispensável prévio conhecimento do governo, que os irmãos Marinho manipularam  o controle efetivo da Globopar S/A, (Globo Comunicação e Participações S/A), vinculando-o à empresa de fachada Cardeiros Participações S/A, que teve seu capital fatiado, posteriormente, entre as estranhas holdings familiares.

NOVAS CONCESSÕES – Sobre a renovação em geral das concessões, inclusive da Rede Globo, o ministro Fábio Faria, em entrevista, foi taxativo: “Nunca tratei disso com o presidente, até porque a decisão é 100% técnica, não existe decisão política sobre isso, se estiver tudo bem, a concessão será renovada”.

Ou seja, a Globo que se acalme, porque o presidente Bolsonaro não apita nada nessa área. Ele apenas finge que faz e acontece. Seu único ato concreto foi reduzir as verbas publicitárias, para agradar e fortalecer as outras redes que não incomodam ao governo.

Quanto à renovação ilegal da concessão da TV Globo de São Paulo (antiga TV Paulista), tudo como dantes, não haverá questionamento. E o empesário Silvio Santos, que está saindo de cena devido à idade, tem motivos para se alegrar, porque Bolsonaro e o Congresso recentemente deram um jeito de legalizar a Telesena e outras jogatinas televisivas. Voltaremos ao assunto.