O presidente Jair Bolsonaro promoveu uma reunião virtual na manhã desta quinta-feira (21/5) com os 27 governadores do país para discutir sobre a sanção do projeto de lei que permite um socorro financeiro da União a estados e municípios em decorrência da pandemia do novo coronavírus. O mandatário se comprometeu a assinar o texto da proposta até o fim do dia e informou que vai vetar o trecho que permite o reajuste salarial a algumas carreiras do funcionalismo público.
Apesar dos recentes embates entre Bolsonaro e os líderes estaduais, sobretudo por o presidente não concordar com a paralisação da atividade produtiva e as medidas de isolamento social em vigor ao redor do país, a videoconferência ocorreu sem polêmicas e em um ambiente pacificado. Ao lado de Bolsonaro, estavam os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), além de ministros do governo federal, como o da Economia, Paulo Guedes, e alguns parlamentares.
Bolsonaro pediu a compreensão dos governadores sobre o veto a ser tomado por ele. “Bem como nesse momento difícil que o trabalhador enfrenta, alguns perderam seus empregos, outros tendo salário reduzido, os informais que foram duramente atingidos nesse momento, buscar maneiras de, ao restringirmos alguma coisa até 31 de dezembro do ano que vem, isso tem a ver com servidor público da União, estados e municípios, nós possamos vencer essa crise”, disse o chefe do Palácio do Planalto.
Aos presidentes das Casas Legislativas, o presidente recomendou que o veto não seja derrubado pelo Congresso Nacional. “Ao longo das últimas semanas foi conversado o que o servidor poderia colaborar em um momento crítico como esse. Tiveram várias propostas, como redução de 25%, e chegamos à conclusão de que congelando os proventos e remuneração até fim do ano que vem esse peso seria menor, mas de extrema importância para todos nós. Bom para o servidor, porque o remédio é o menos amargo, mas de extrema importância para os 210 milhões de habitantes do Brasil”, destacou.
Segundo Alcolumbre, o Congresso está atento “a todos os desejos e angústias do povo brasileiro”. Ele ainda comentou que “chegou a hora de todos nós darmos as mãos e levantarmos bandeira branca, porque estamos vivendo um excepcional momento de guerra”. “E na guerra todos perdem. Brasileiros do Norte, do Sul, do SUdeste, de todas as regiões. Somos todos brasileiros”, destacou o senador.
“A gente tem que ter a consciência de que essa crise é sem precedente na nossa vida, mas seremos cobrados por qual atitude tomamos para enfrentar a dificuldade de saúde pública que já tirou a vida de 20 mil brasileiros, milhares perdendo a chance de um futuro promissor. Nós temos responsabilidade com 210 milhões de brasileiros. Após essa pandemia o nosso país terá muito mais desigualdade. Essa diferença nas classes sociais se ampliará. A gente precisa ter responsabilidade e compromisso público”, acrescentou Alcolumbre.
Governadores aceitam
Em nome dos 27 governadores presentes na reunião, o governador do Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB), disse que todos os gestores estaduais estão de acordo o veto. O governo federal quer retirar o dispositivo do texto para garantir uma economia aos cofres públicos de R$ 130 bilhões pelos próximos 18 meses.
De acordo com Azambuja, “é impossível darmos qualquer aumento agora porque precisamos cuidar da população brasileira como um todo”. Segundo ele, nos últimos três anos, os estados tiveram um crescimento de 3,9% nas despesas com pessoal e os municípios gastaram 6,9% a mais com reajustes salariais.
“O veto é fundamental, visto que a projeção do Ministério da Economia para 2020 e 2021, se mantivermos a média dos últimos três anos, seria de aumento de R$ 69 bilhões dos estados e de R$ 62 bilhões dos municípios. Entendemos que é um momento de solidariedade e respeito. por maioria, pedimos que o senhor vete o aumento. Entendemos que estará fazendo isso para o bem do país”, destacou Azambuja.